sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O desestímulo de um homem apaixonado

Mais um texto do nosso amigo Augusto dos Santos. Espero que gostem.

Hoje, eu tive um dia de cão. Um dos piores da minha vida, senão o pior. Infelizmente, aconteceram coisas que eu nunca imaginei que fossem acontecer (na verdade, imaginei, mas eu nunca acreditei que poderiam acontecer comigo e a essa altura do campeonato). Foi um dia ruim. Não acredito nas coisas que vi e que fiz hoje. Infelizmente, eu estou totalmente desestimulado para viver. Após o que aconteceu, eu penso em desistir de tudo: da vida, do trabalho, dos amigos... de tudo.

Acordei, como sempre, às 5h30 da manhã. Confesso que a noite foi mal dormida porque eu devo ter ido dormir às 2h30 ou 3h da matina pensando na pessoa que amo... ela, que é tão bela, mas que nem faz idéia do que eu sinto. Não até hoje. Após pouco mais de 13 meses amando em segredo, eu contei o que sinto, mas não da forma que eu queria e imaginara, muito menos as conseqüências foram as que eu sonhara tanto.

Cheguei à faculdade, onde somos colegas, e, como sempre, falei com ela e dei um abraço – amigos fazem isso, não fazem? –, assim como perguntei se estava tudo bem com ela. Ela, porém, estava meio distante, como se algo a incomodasse. Não entendi o porquê disso, mas fingi que não havia percebido nada. Logo após, eu notei uma movimentação estranha na turma, como se algo tivesse acontecido, mas continuei fingindo que não percebi coisa alguma. Percebi também que algumas pessoas me olhavam como se a coisa que pensei que tivesse acontecido fosse comigo. Não entendi, mas continuei fingindo que de nada sabia.

Um tempo depois, notei uma pessoa chegando. Nunca havia o visto. Era alto, forte, de cabelos negros e de pele clara. Passava uma confiança incrível para as pessoas em volta dele, pois andava ereto e olhando para as pessoas. Nunca havia o visto, mas não tive bom pressentimento sobre ele. Permaneci o observando e vi que ele havia entrado na minha sala. Fui lá para ver quem é... essa foi a pior decisão que tomei na minha vida.

Eis que, ao chegar à sala de aula, eu vi a cena que eu mais temia: o rapaz alto e forte beijando a garota que eu amo, meu anjinho, que está sempre em meu coração, mas que, agora, estava nos braços dele. Não entendi o motivo daquele beijo, mas logo presumi. De repente, a tristeza que senti quis se materializar e sair dos meus olhos, mas ordenei que ela ali ficasse, pois não era momento de sair. Uma mistura de sentimentos maus entrou em meu coração: mágoa, raiva, tristeza, inveja... tudo de uma única vez em mim. Fiquei sem reação, estático, parado.

Ela, então, tratou de apresentar o namorado a todos os presentes, inclusive a mim, mas ela pareceu receosa. Disfarcei bem o que sentia e entendi, então, por que todos estavam me olhando com uma cara diferente: todos sabiam que ela estava namorando e que ele estaria ali hoje, mas ninguém quis me contar. Entendo, já que ninguém queria me magoar. Cumprimentei-o e disse que ele é um cara de sorte, que ele cuidasse bem dela. A hipocrisia quis me manter naquele lugar, mas, alguns segundos depois, não me contive e saí agressivamente da sala. Todos haviam percebido o que eu sentia. A minha amiga, sem entender a minha reação, foi atrás de mim, e começamos a conversar

- Guto, o que você tem? – Disse ela;

- Nada. Só não estou bem – Retruquei;

- Como assim não tem nada? Se não tivesse, não teria saído daquele jeito da sala. O que foi que aconteceu? Diga-me! Sabe que eu não gosto de te ver assim.

- Quer saber? Aconteceu, sim. Você é o que aconteceu na minha vida – disse eu;

- Como assim? – Ela disse, e eu, já que não tinha mais nada a perder ou ganhar, disse: - Você, Ângela. Eu sou apaixonado por você há mais de um ano e você não percebeu isso.

- Sério?

- Sim, e sempre soube que você não me correspondia os sentimentos. Amei em segredo todo esse tempo. Olha, Anjinha... eu te acho incrível. Você é tudo o que eu sonhei pra uma namorada: é inteligente, madura, extrovertida, gosta de conversar comigo, é divertida, tem um caráter excepcional, se importa com as causas sociais, e, como se não fosse o bastante, ainda é linda. Desde que entramos aqui na faculdade que eu gosto de você e você nunca percebeu. Mas, pelo visto, você não me corresponde. Tem um melhor do que eu lá te esperando. Por que você está aqui enquanto devia estar com seu namorado?

- É que eu gosto muito de você, Guto. Mas, infelizmente, só podemos ser amigos como sempre fomos. Eu desconfiava que você sentisse algo a mais por mim antes, mas não tinha certeza. – disse ela em um tom de tristeza também, pois podia perder um grande amigo e porque me estava fazendo sofrer – Eu não estou com meu namorado agora porque eu te vi triste e você é meu amigo. Não poderia te ver triste sem ver o que tá acontecendo. Pelo visto, eu sou a razão do seu sofrimento;

- Não, Ângela – respondi –, você é o motivo das minhas maiores alegrias. – Enquanto dizia isso, eu não consegui segurar mais meu choro – Você é a melhor coisa que me aconteceu na vida. Eu te amo tanto, Anjinha... é uma pena que não possamos ficar juntos, como sempre sonhei. Lembra-se daqueles poemas que te mostrei?

- Sim, me lembro. São lindos. – Respondeu ela, e eu falei: - Foram todos escritos para você. Cada verso, cada estrofe, cada redondilha. Tudo pensando em você, e tudo foi em vão. Vá para o seu namorado. Eu me conformo e reconheço minha derrota. Apenas me deixe aqui para que eu possa ficar só um pouco. Vou superar isso tudo. Você vai ver. Não quero perder sua amizade, mas, por favor, deixe-me afastar de você por uns dias ou semanas. Se for para ainda sermos amigos, é melhor que não o sejamos por enquanto. Estou sofrendo muito agora. Não quero que você fique pior do que está.

Ela disse que eu agisse da forma que achasse melhor, mas vi o pesar nos olhos dela. Ela me magoou e sabe disso. Dói em mim também fazê-la sentir-se mal, mas é assim que tem que ser. Ter que conviver com ela agora vai passar a ser uma tortura. Poder vê-la, mas ter que me afastar para poder esquecê-la é uma idéia que ainda dói demais em mim. Não queria me afastar da Ângela, mas vou ter que fazer isso. Tudo por causa de um bonitão fortão e com pinta de playboy que apareceu do nada. Sempre tentei ser um cara legal pra ela e o que ganho em troca? Sofrimento. Não quero nem saber o nome dele, mas hoje vi que, não importa a ocasião, quando um cara legal e um safado estão disputando um contra o outro a mesma garota, o safado sempre leva a melhor. Será que vou ter que virar isso, meu Deus? Ajude-me!

Enfim... Isso já está tomando a minha mente desde as 10h da manhã. Já são 3h30min da madrugada. Preciso ir dormir. Que Deus me abençoe.

Daniel de Alcaniz

Um comentário:

  1. Ai,tomara que o texto não seja inspirado em você,pq ele é super deprimente!
    Essas são coisas da vida!

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