terça-feira, 20 de outubro de 2015

A solidão e tribulações afins: uma reflexão


Hoje é o dia de escrever de uma forma diferente. Faz tempo que eu não exercito isso aqui. Talvez seja a falta de vontade... sei lá.Com certeza é a falta de vontade, na verdade. Eu não tenho motivos para escrever mais. Eu escrevi coisas românticas no meu tempo, o que é bem bacana, desde que você tenha alguém para amar. Eu não tenho.
Faz alguns meses, na verdade, desde que eu senti alguma coisa. Acho que isso não faz mais parte da minha vida. Nem pensar nisso mais, eu penso. Sabe aquelas fantasias que tínhamos sobre a vida futura e como poderíamos ser eu e ela juntos com nossos filhos e coisas do tipo? Isso acabou.
O grande fato que explica essas coisas que eu tenho brevemente dito é um só: Deus não quer que eu me envolva com alguém. Pelo menos até hoje ele não quis. Não importa o que aconteça, eu sempre volto para o mesmo ponto 0,0: a solidão. Já me acostumei com isso. Solidão é uma forma de viver. Solidão é sina.
Não sei se será algo perene na minha vida. A realidade, infelizmente, tem apontado para concretude iminente desse futuro, mas o futuro, disse um homem sábio, no livro da humanidade (e das nossas vidas particulares), é composto de páginas em branco. Cabe a nós escrevê-lo.
Eu costumo fazer um adendo a essa frase: com a direção de Deus. Entreguei meus caminhos a Ele, e, até agora, a vida tem avançado através caminhos sólidos e para destinos de base sólida. É interessante como, em momentos nos quais eu tentei desviar-me dos caminhos do Senhor, Ele me colocou imediatamente de volta na estrada. Agradeço a Vós, Senhor Deus Trino, por isso. Lembro-me da passagem bíblica que nos ensina acerca da porta estreita e do caminho igualmente estreito que a sucede. Ele me amou primeiro, chamou-me para seguir Seus caminhos, e atendi ao chamado. O caminho não é só estreito. É espinhoso.
É interessante como, no meio dessas reflexões, eu sempre consiga achar conforto no Meu Senhor. Apesar de ser espinhoso, o caminho é pavimentado por Deus, de acordo com o plano que Ele tem para cada um dos seus filhos. Tenho uma tendência gigantesca a confiar no meu próprio entendimento. Esqueço-me - e isso vem do profundo da arrogância humana - de que, sendo criatura humana e, portanto, imperfeita, pecaminosa, não sou dotado de onisciência. Isso somente a Deus pertence. Nenhuma criatura, anjo ou humano, tem direito a usurpar esse mais que excelente atributo divino. O nosso caráter intimamente materialista, reflexo da nossa natureza pecaminosa, é manifestado principalmente nas ocasiões em que deixamos de confiar em Deus, ao passarmos a confiar sinceramente que, sozinhos, ainda que conscientes das limitações intrínsecas ao nosso ser humano, podemos tomar as rédeas da nossa vida e conduzi-la da melhor maneira possível. Isso é ilusório. É delírio de nossa mente.
Quisera eu que o que acabo de dizer fosse uma mera digressão. É, na verdade, uma conclusão a qual chego involuntariamente 100% das vezes em que me ponho a pensar sobre o que Deus quer para a minha vida. É inevitável. Assim como a Graça Divina é irresistível, é, também, irresistível para um dos filhos Seus reconhecer a soberania de Deus sobre os aspectos centrais da sua vida, desde a fé, até o ofício ou profissão a seguir. A grande verdade na qual chego todas as vezes em que me ponho a reclamar da solidão, assim como de outras dificuldades que surgem nessa nossa vida terrena, é a de que o próprio Deus, ao nos chamar para Si, para entrar na porta que, de tão estreita, poucos conseguem entrar, nos coloca no caminho que apenas esses poucos poderão aguentar. Porque poucos são os escolhidos.
É o melhor caminho, esse que Deus me colocou, ainda que aparente não ser. Afinal, “[...] nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. (Romanos 5:3-5). A experiência das tribulações é o que capacita um filho do Santo Deus para que aproveite o final desse caminho. Não é possível apreciar o que é bom e doce sem, antes, ter experimentado o que é mau, azedo e amargo. A solidão e outras coisas ruins são um passo para a plenitude das bênçãos do Senhor. Uma vez ultrapassadas - e eu sei que serão -, darão lugar ao regozijo perene. Louvado Seja Deus. Deus é bom.