sexta-feira, 20 de setembro de 2019

O ADEUS ÀS FLORES

O ADEUS ÀS FLORES

Dei adeus às flores.
Aquela flor de cerejeita que me encanta
Não desabrochará neste jardim.
Já não há mais sementes no meu bolso.
Findou-se, portanto, minha carreira, assim.

Eis-me aqui a olhar aquela flor,
A flor que não se abrirá.
Passam-se minutos, dias, horas,
Incontáveis auroras, e espero no meu canto,
Regando-a com o meu pranto,
Pelo dia que não virá.

Quem dera, ó quem dera,
Fosse eu o jardineiro que lhe trouxesse a primavera,
Mas é do salobra a água que a rega,
Vem do mar onde meu olhar navega.
Tal água não a pode nutrir.
Vê-la desabrochar jamais passou de uma quimera

Daniel Alcaniz
20/09/2019

domingo, 10 de fevereiro de 2019

FOI NUM SONHO

Tive um sonho esta noite. Foi estranho, e resolvi colocar em versos. Espero que gostem.

FOI NUM SONHO

Foi num campo,
Foi num campo,
Ceu azul e as árvores de testemunha.
Contigo, não via passar o tempo,
E a minha mão sobre a sua se dispunha.

Foi num campo,
Foi num campo,
Que, em felicidade, contigo andei.
Por aqueles campos verdejantes,
Onde te abracei e te beijei.

Ali mesmo, em meio às flores,
À sombra de uma cerejeira nos sentamos.
Deitou a sua cabeça em meu peito,abrigando-se em mim,
Sem saber que mutuamente nos abrigamos.

E, enquanto vestia a coroa de flores que a fiz,
Olhava ela para mim.
Sorria doce com um sorriso belo,
Corando-se, ruborizada, a sua alva tez.
Nossos olhos se encontraram, aproximaram-se.
Com nossos lábios, nos tocamos,
Em frenesi de enamorados.

Mas, subitamente, fui tomado dali.
E, contigo, não mais me vi.
Transtornado, envolto das brancas paredes da minha alcova me encontrei.
Foi tudo um sonho, foi tudo um sonho.
Acordei, acordei.

Daniel Alcaniz
nove de fevereiro de 2019