sexta-feira, 29 de março de 2013

POEMA DO GUERREIRO


Eu sou o que sou.
Eu vim de onde vim, vou para onde vou.
Tenho no coração a fúria dos heróis gregos,
Mas a ternura das rosas dos campos.
Fiz de mim um estandarte na luta contra a injustiça dos ímpios,
Tratei de lutar em lugares hostis,
Matei bestas viris, salvei princesas de torres de bruxas,
Trouxe, comigo, o coração dos dragões que matei,
E as bandeiras dos inimigos que derrotei.
Eu fui forjado no ferro, eu fui forjado no fogo!
Acostumei-me com a cor do sangue daqueles que se levantaram contra mim;
Tentaram me derrubar, mas a Providência tratou de me sustentar.
Quem são aqueles que ainda se põem de pé?
Quem são os que tentam pôr-me ao chão?
Não sabem que fiz de mim mesmo fortaleza de rocha sólida,
Pedra preta resistente às vossas medidas sórdidas.
Sou o guerreiro, sou o que derrotou os monstros pela frente,
E que vive em luta constante, buscando pela princesa amante,
Trovando e escrevendo esses versos alucinados,
Cavalgando, à noite, enluarado.

quinta-feira, 7 de março de 2013

DESABAFO



Hoje, eu tenho uma confissão a fazer. Tenho que desentalar tudo o que está aqui nessa garganta que entoou tantas canções pensando em ti. Tu, que te tornaste parte importante de minha vida, parece não querer entender o que se passa dentro desse coração surrado. Pareces não perceber que o tempo passa, que as folhas voam, e que as coisas mudam. Bem... nem todas as coisas mudam.
Todo esse tormento começou no exato mês de novembro do ano de 2009. Eu, que acabara de ter o coração dilacerado por outra pessoa que não soube entender o que eu sentira por ela, terminei me rendendo aos seus encantos, mas não o percebera até o mês de fevereiro seguinte, quando, após o longo período de quase três meses em que passamos distantes, eu já tinha percebido o quanto senti a sua falta, e terminei percebendo o que já tinha se tornado uma questão de mera lógica.
Não quero me fazer de vítima, muito menos de coitado, mas as tentativas que fiz de te dizer o que eu sentia naquela época nunca dariam certo, assim como qualquer investida no sentido de ter teu coração junto ao meu seria fadada ao fracasso. Reconheço que não tentei tanto quanto devia, e reconheço o quanto errei contigo todos esses anos.
Estamos ainda por completar quatro anos de convivência, e, desse tempo, gastei três anos e meio te amando. Intensamente, intransitivamente, te amando. Cada dia meu seria em vão se eu não te visse ou fizesse sorrir todos os dias. Terminei por voltar a escrever por sua causa (e agradeço por isso), até. Músicas, poemas, textos etc. Poucas coisas dessas, porém, eu pude te mostrar, mas de nenhuma delas pude revelar a real destinatária. Infelizmente, o medo de perder a sua amizade me acovardou de forma tal que meu ímpeto de realizar o maior dos meus desejos (o de estar contigo) simplesmente desapareceu.
Sonhei, minha amiga, durante todo esse tempo, com o dia em que estaríamos juntos final e definitivamente. Não imaginas quantas vezes sorri involuntariamente ao especular o dia em que dirias sim para mim e defronte ao juiz de paz, os momentos em que eu cuidaria de ti ou que cuidarias de mim. Infelizmente, esses sonhos desapareceram no tempo/espaço, e não (ou ainda) existem mais. Não imaginas o quanto eu quis te fazer feliz, não imaginas o quanto te amei. Amei, sim. Amei, mas sempre respeitei a tua decisão de nunca fazer de mim algo mais do que seu amigo. Porque amor, antes de tudo, é isso. É respeitar a pessoa amada.
Nunca te condenei por nada – exceto quando começaste a namorar o meu amigo, mas isso foi, talvez, uma loucura da minha cabeça –, e nem poderia. A escolha foi tua, e eu não posso fazer nada para mudar o que sentes por mim. Talvez haja uma forma, mas ainda não a descobri. Quem sabe, um dia, eu possa olhar para ti e não mais ver uma amiga, mas a minha companheira? Não sei. Só Deus sabe.
Hoje, no mês de março ano de 2013, olho para trás e me arrependo de tanta coisa que eu poderia ter feito para ficar contigo, mas não pude fazer. Algumas vezes, por falta de coragem; outras – a maioria, na verdade –, por não poder. Vejo-te feliz, e isso, de certa forma, me deixa feliz também, mas nada tira de mim o peso no coração de não poder estar contigo. Não sei se te esqueci; na verdade, nem me importo mais com isso. Os anos passam, mas esse encanto que exerces sobre mim parece não acabar. És, talvez, a figura mais maravilhosa que eu conheci neste ambiente acadêmico, e gostaria muito de ter-te na minha vida para sempre, de uma forma ou de outra.
Não posso me dizer, porém, uma pessoa triste. Ver teu sorriso ainda é a minha alegria, mas pela amizade que temos. Isso ainda é muito valioso para mim. Mesmo assim, já pensei inúmeras vezes em sair da sua vida, sair da vida daqueles que sempre estão conosco, para tirar-te, de uma vez por todas, da minha cabeça. Mas essa tua bondade ainda me atrai de tal forma que sou incapaz de fazer coisa assim. Não consigo pensar mal de ti, e acredito sinceramente que nunca conseguirei.
Somente o que quis de ti foi que retribuísses meus sentimentos, ainda que fosse por somente um instante. Infelizmente, nada disso foi possível. Talvez, por razões que eu ainda não entenda, o que todos os meus pares me dizem seja verdade: a pessoa certa ainda não apareceu na minha vida, mas, um dia, aparecerá. Quero poder me libertar dessas correntes que me prendem a ti, que me fazem tão insignificante perante meus sentimentos. Qual o mal que cometi para que o que está aqui dentro não pudesse ser gerado em ti por mim?
Um dia, quando soube do teu primeiro namoro, eu me maldisse severamente, taxei-me de incompetente, de imbecil, de ser inferior, por ter aquele rapaz conseguido, em menos de um mês, o que eu demorei mais de um ano, à época, para não conseguir. Senti-me, como outras vezes também me senti, amaldiçoado por ter que sofrer de novo por alguém que não me correspondeu os sentimentos, mas nunca guardei nenhum sentimento ruim por ti. Engoli a situação que estava configurara e senti o amargor do sofrimento por ti. Ver-te, naquela época, tinha se tornado algo torturante, desgastante; ouvir a sua voz, que um dia foi música para os meus ouvidos, tinha virado o grito de uma harpia para os meus ouvidos.
Aguentei, aguentei, e aguentei, mas sem esperar que um dia me amasses de volta. Aguentei porque o amor a tudo suporta, e suportou àquelas coisas, assim como suportou o que eu considerei, tempos depois, a traição de um amigo. Sim, eu tinha percebido que tu e ele estavam juntos enquanto ainda tentáveis esconder de todos – e, acredito eu, principalmente de mim – o que estava acontecendo, mas, apesar de apaixonado, como estava naqueles tempos, nunca fui besta. Julgaram-me um imbecil, eu presumi, mas eu nunca poderia esperar uma ação de má-fé vinda de ti. E, talvez, nem tenhas se importado comigo, mas a docemente covarde atitude que tivestes encheu-me de um rancor e uma amargura de uma forma que eu nunca tinha sentido antes.
Mas, hoje, não sinto outra coisa por ti que não seja amor. Amor de amigo ou de amante, eu não sei, mas amor. Eu te amo desde que nos aproximamos, te amei quando eu sofri tanto antes, e ainda te amo hoje, e vou te amar para sempre, ainda que estejamos distantes um dia. Queria poder dizer-te tudo isso cara a cara, olho no olho, mas o respeito por ti ainda me impede de fazer uma série de coisas que queria fazer contigo. Ainda há muito mais a ser dito e escrito, mas não hoje. Eu ainda te amo.

Natal, Rio Grande do Norte, sete de março de 2013

Daniel Augusto de Alcaniz Santos

segunda-feira, 4 de março de 2013

POEMA DA RECAÍDA



E, quando o Pai me permite te ver,
Sempre me pergunto: porquê?
Por que o meu coração ainda quer estar junto ao seu?
Por que meus lábios ainda querem beijar os seus?
Qual o motivo do meu amor ainda estar contigo,
Se, em verdade, não podemos ser mais que amigos?

Sei que os termos que emprego podem ser piegas,
Que as palavras não são as mais lindas deste meu ridículo repertório,
Mas, ao te ver, meu coração ainda salta para fora da glote,
E vejo que ainda não paguei a minha dívida com o passado;
No cérebro, o coração deu um calote.

O que é isso aqui dentro? Tantas quedas, tantas tentativas
De tirar-te de mim. Você, que me feriu como espinho de rosa,
E fincou-se neste coração servo do seu carinho e sua bondade.
Por favor, saia. Não posso mais te ter fixa em mim;
Por favor, saia. Não posso mais me sentir assim.

Daniel de Alcaniz