A
falta de sorte deste escritor é o que o move a tecer estas palavras que lerão.
Não serão brandas, nem serão tranquilas. São, porém, um desabafo de alguém que
se cansou dos fracassos amorosos de sua vida, os quais tiveram (na verdade,
ainda tem) consequências brutais em seu comportamento atual e deixaram traumas
profundos e marcas dentro dele. Todas as palavras serão sinceras e totalmente
francas, mais até do que desejaria ou normalmente o é.
Fracasso,
mau resultado, ruína, malogro, desgraça. Essa palavra apareceu tanto na vida
amorosa do autor que tornou-se parte dela, tanto que o seu ápice, o seu melhor
momento, ocorreu quando o escritor ouviu da sua amada – sim, ele realmente a
amava – que entre eles somente poderia haver amizade. Isso gerou nele um
sentimento imediato de alegria, haja vista que, daquela vez, não iria ser
desprezado por quem ele tanto gostou. As consequências disso, porém, para ele,
foram desastrosas – para ela, é claro, não houve nenhuma. Esse foi o bom
momento da vida amorosa do autor: a friendzone.
Infelizmente,
não se pode ter tudo o que se quer, diriam alguns. Problema há, contudo, quando
não se consegue absolutamente nada que se tem vontade. Cada fracasso destrói,
corrói, machuca, macula, deixa marcas, magoa e traumatiza ainda mais o autor.
Não quer, ele, com isso, dizer que queria ter sido sempre exitoso em suas
cruzadas amorosas – embora essa ideia seja muito boa –, mas uma vitoriazinha,
por menor que seja, pode acontecer pra variar um pouco, né? Não há sentimento
de revolta. O que existe é tristeza e dor no coração deste que escreve. Muitos
fadistas teriam inveja das histórias que ele tem para contar e com certeza
serviria de inspiração para algumas obras primas modernas do fado.
Mas
qual foi o estopim para que esse desabafo começasse? Simples. O ano de 2012 –
oitavo ano desse martírio que vive o autor – tornou-se um de várias
observações. Dentre elas, a seguinte: antes, todas as mulheres que a ele
interessavam ou que chamavam a sua atenção somente não o queriam (e isso é todo
direito delas); hoje, porém, o quadro piorou em proporções catastróficas, de
forma que absolutamente todas aquelas que chamam a sua atenção, ainda que
somente por um momento, encontram-se dentro das seguintes condições: a) estão
namorando; b) estão “enroladas” com alguém; e c) simplesmente não o querem. É
necessário ressaltar que, antes do escritor tomar conhecimento do fato da letra
a, é que ele se interessa por alguém.
Afinal, ele considera que para mulher
comprometida não se olha, como forma de evitar confusões, especialmente se
esta estiver comprometida com algum amigo seu. A última pessoa a chamar a
atenção do autor se encaixou nessa condição e foi isso o que estourou todo esse
pesar que sente enquanto escreve.
Funciona
ele, hoje, como se fosse um “radar de mulheres com quem nunca vai conseguir
nada na vida”. Não se sabe o motivo, nem consegue ele achar algo razoável que
explique tanto fracasso na sua vida amorosa. Talvez seja ele a prova de que não
se colhe tudo que se planta, mas não somente isso o entristece. Outras
condições suas de vida dificultam ainda mais o caminho a ser percorrido. Embora
consciente de que Deus ainda vai ajuda-lo no que tanto deseja, em todas as
áreas, vai sentindo todas as dores e espinhos que há pelo percurso. Às vezes,
pensa que não conseguirá caminhar mais, mas se levanta e continua a sua
jornada.
Não se
sabe ao certo o que foi que ele fez para merecer tanto fracasso na sua vida
amorosa. Nada ofereceu senão seu coração, seu amor, sua fidelidade, mas nada
foi compreendido, talvez. Por vezes, seus sentimentos foram mal entendidos
(assim acredita, já que recebeu, em algumas ocasiões, desprezo e raiva de
volta); em outras vezes, foi rejeitado brutalmente por quem gostava; em outras,
simplesmente recebeu indiferença, mas nunca alimentou nenhum sentimento ruim
por aquelas que essas coisas fizeram.
Ao
passo em que o tempo decorria, escrevia poemas, canções, textos em prosa etc.
inspirados na pessoa amada. Nenhuma delas correspondeu. Não que os poemas pudessem
ajudar em alguma coisa – o autor nunca acreditou que fossem –, mas houve
ocasião em que uma das suas amadas pegou o poema que ele tinha se esmerado
tanto em fazer e o deu para outro amigo, que o rasgou e jogou numa lixeira.
Apesar de somente cinco ou seis pessoas saberem do que se tratava, sentiu-se
humilhado. Afinal de contas, ela havia desprezado o que ele sentia. Isso dói.
Naquele dia, ele sentiu até dor física no coração por isso.
Ai,
quantos sonhos jogados no lixo. Ai, quantas ilusões desfeitas. Ai, quantas
quimeras mortas por caso fortuito ou força maior. Sempre que tentou, perdeu;
sempre que lutou, foi vencido; sempre que concorreu, ficou para trás. Parece
uma maldição, algo que a ele impõem. Enfrenta tudo isso serenamente, mas com
crises pontuais de existência, sempre movidas pelo mesmo assunto. Houve um
tempo em que o guerreiro tinha a necessidade de se autoflagelar emocionalmente
esporadicamente quando passava algum tempo sem nenhuma dor no coração, tamanho
é o seu costume em estar apaixonado e desprezado ao mesmo tempo.
Alguns,
diante desse problema, teriam recorrido ao álcool ou às drogas para esquecer
tudo, ainda que momentaneamente. Ele, porém, prefere enfrentar tudo sóbrio,
consciente de seus atos, mesmo que a dor esteja tamanha que seja difícil
suportar. A sua força o fez superar algumas rejeições brutais e perdoar aquelas
que o fizeram tanto mal, mesmo que elas não o saibam. Rancor, ele não guarda de
nenhuma delas. Uma chegou a se tornar a sua melhor amiga depois de algum tempo.
Ela pediu desculpas por tudo que me fez passar, e ele as aceitou com muita
alegria.
O
tempo passa e quase nada muda. Infelizmente, nem tudo pode ser resolvido
imediatamente. Ele espera, sinceramente, que seus sentimentos sejam aceitos por
alguém um dia. Está com um sentimento verdadeiro de cansaço e de que tem que
dar cabo a esse problema logo. Deus, Pai Todo Poderoso, que nos altos céus
habita, tem olhado por ele, para que não faça uma besteira, qualquer ela que
seja. Espera ele que tudo se resolva em breve, muito breve, pois o amor em seu
coração pode acabar e jamais ser restaurado de novo.
Que
Deus o abençoe.
Natal, Rio Grande do Norte, 15 de outubro de 2012
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