segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O PESO NO CORAÇÃO DE UM GUERREIRO



A falta de sorte deste escritor é o que o move a tecer estas palavras que lerão. Não serão brandas, nem serão tranquilas. São, porém, um desabafo de alguém que se cansou dos fracassos amorosos de sua vida, os quais tiveram (na verdade, ainda tem) consequências brutais em seu comportamento atual e deixaram traumas profundos e marcas dentro dele. Todas as palavras serão sinceras e totalmente francas, mais até do que desejaria ou normalmente o é.
Fracasso, mau resultado, ruína, malogro, desgraça. Essa palavra apareceu tanto na vida amorosa do autor que tornou-se parte dela, tanto que o seu ápice, o seu melhor momento, ocorreu quando o escritor ouviu da sua amada – sim, ele realmente a amava – que entre eles somente poderia haver amizade. Isso gerou nele um sentimento imediato de alegria, haja vista que, daquela vez, não iria ser desprezado por quem ele tanto gostou. As consequências disso, porém, para ele, foram desastrosas – para ela, é claro, não houve nenhuma. Esse foi o bom momento da vida amorosa do autor: a friendzone.
Infelizmente, não se pode ter tudo o que se quer, diriam alguns. Problema há, contudo, quando não se consegue absolutamente nada que se tem vontade. Cada fracasso destrói, corrói, machuca, macula, deixa marcas, magoa e traumatiza ainda mais o autor. Não quer, ele, com isso, dizer que queria ter sido sempre exitoso em suas cruzadas amorosas – embora essa ideia seja muito boa –, mas uma vitoriazinha, por menor que seja, pode acontecer pra variar um pouco, né? Não há sentimento de revolta. O que existe é tristeza e dor no coração deste que escreve. Muitos fadistas teriam inveja das histórias que ele tem para contar e com certeza serviria de inspiração para algumas obras primas modernas do fado.
Mas qual foi o estopim para que esse desabafo começasse? Simples. O ano de 2012 – oitavo ano desse martírio que vive o autor – tornou-se um de várias observações. Dentre elas, a seguinte: antes, todas as mulheres que a ele interessavam ou que chamavam a sua atenção somente não o queriam (e isso é todo direito delas); hoje, porém, o quadro piorou em proporções catastróficas, de forma que absolutamente todas aquelas que chamam a sua atenção, ainda que somente por um momento, encontram-se dentro das seguintes condições: a) estão namorando; b) estão “enroladas” com alguém; e c) simplesmente não o querem. É necessário ressaltar que, antes do escritor tomar conhecimento do fato da letra a, é que ele se interessa por alguém. Afinal, ele considera que para mulher comprometida não se olha, como forma de evitar confusões, especialmente se esta estiver comprometida com algum amigo seu. A última pessoa a chamar a atenção do autor se encaixou nessa condição e foi isso o que estourou todo esse pesar que sente enquanto escreve.
Funciona ele, hoje, como se fosse um “radar de mulheres com quem nunca vai conseguir nada na vida”. Não se sabe o motivo, nem consegue ele achar algo razoável que explique tanto fracasso na sua vida amorosa. Talvez seja ele a prova de que não se colhe tudo que se planta, mas não somente isso o entristece. Outras condições suas de vida dificultam ainda mais o caminho a ser percorrido. Embora consciente de que Deus ainda vai ajuda-lo no que tanto deseja, em todas as áreas, vai sentindo todas as dores e espinhos que há pelo percurso. Às vezes, pensa que não conseguirá caminhar mais, mas se levanta e continua a sua jornada.
Não se sabe ao certo o que foi que ele fez para merecer tanto fracasso na sua vida amorosa. Nada ofereceu senão seu coração, seu amor, sua fidelidade, mas nada foi compreendido, talvez. Por vezes, seus sentimentos foram mal entendidos (assim acredita, já que recebeu, em algumas ocasiões, desprezo e raiva de volta); em outras vezes, foi rejeitado brutalmente por quem gostava; em outras, simplesmente recebeu indiferença, mas nunca alimentou nenhum sentimento ruim por aquelas que essas coisas fizeram.
Ao passo em que o tempo decorria, escrevia poemas, canções, textos em prosa etc. inspirados na pessoa amada. Nenhuma delas correspondeu. Não que os poemas pudessem ajudar em alguma coisa – o autor nunca acreditou que fossem –, mas houve ocasião em que uma das suas amadas pegou o poema que ele tinha se esmerado tanto em fazer e o deu para outro amigo, que o rasgou e jogou numa lixeira. Apesar de somente cinco ou seis pessoas saberem do que se tratava, sentiu-se humilhado. Afinal de contas, ela havia desprezado o que ele sentia. Isso dói. Naquele dia, ele sentiu até dor física no coração por isso.
Ai, quantos sonhos jogados no lixo. Ai, quantas ilusões desfeitas. Ai, quantas quimeras mortas por caso fortuito ou força maior. Sempre que tentou, perdeu; sempre que lutou, foi vencido; sempre que concorreu, ficou para trás. Parece uma maldição, algo que a ele impõem. Enfrenta tudo isso serenamente, mas com crises pontuais de existência, sempre movidas pelo mesmo assunto. Houve um tempo em que o guerreiro tinha a necessidade de se autoflagelar emocionalmente esporadicamente quando passava algum tempo sem nenhuma dor no coração, tamanho é o seu costume em estar apaixonado e desprezado ao mesmo tempo.
Alguns, diante desse problema, teriam recorrido ao álcool ou às drogas para esquecer tudo, ainda que momentaneamente. Ele, porém, prefere enfrentar tudo sóbrio, consciente de seus atos, mesmo que a dor esteja tamanha que seja difícil suportar. A sua força o fez superar algumas rejeições brutais e perdoar aquelas que o fizeram tanto mal, mesmo que elas não o saibam. Rancor, ele não guarda de nenhuma delas. Uma chegou a se tornar a sua melhor amiga depois de algum tempo. Ela pediu desculpas por tudo que me fez passar, e ele as aceitou com muita alegria.
O tempo passa e quase nada muda. Infelizmente, nem tudo pode ser resolvido imediatamente. Ele espera, sinceramente, que seus sentimentos sejam aceitos por alguém um dia. Está com um sentimento verdadeiro de cansaço e de que tem que dar cabo a esse problema logo. Deus, Pai Todo Poderoso, que nos altos céus habita, tem olhado por ele, para que não faça uma besteira, qualquer ela que seja. Espera ele que tudo se resolva em breve, muito breve, pois o amor em seu coração pode acabar e jamais ser restaurado de novo.
Que Deus o abençoe.

Natal, Rio Grande do Norte, 15 de outubro de 2012

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