Eu
tenho sido um imbecil. Na verdade, tenho tentado crescer, mas há algo que me
impede de ir além, de construir a vida confortável que sempre sonhei, mas que
nunca (ainda) pude ter. Tenho sido insensível, incoerente, sonhador demais.
Tenho, ultimamente, pensado que sou mais do que eu sou, que eu tenho
capacidades acima das que eu realmente tenho, mas nada disso tem me impedido de
ainda sonhar com o sucesso.
Sucesso.
Essa palavra tem me perseguido e me pressionado desde quando me dou por gente.
A expectativa (infundada, creio eu) que a família deposita em mim não parece me
motivar a buscá-lo. O sucesso, acreditei, viria naturalmente. Afinal, minhas
conquistas até agora (é ridículo falar-se em conquistas, pois não tenho
nenhuma) vieram exatamente desta forma: naturalmente. Todas as quedas também
são naturais.
Tenho
descansado em minha própria sabedoria, tenho achado que sei mais do que eu
realmente sei. Sinceramente, não consigo viver sendo um burro. Talvez seja por
isso que criei essa doce ilusão de que eu poderia ser inteligente ou sábio. As
pessoas dizem que eu sou às vezes, mas eu não acredito. Não consigo alcançar a
satisfação dos meus desejos mais superficiais, imaginem a dos meus desejos mais
profundos. Tenho julgado os outros, mas feito um uso até produtivo da minha
capacidade de raciocinar deixando as emoções em segundo plano (essa é uma das
poucas qualidades que acredito ter). Infelizmente, não consigo fazer a leitura
adequada das pessoas que me cercam como antes eu faria. Estou confuso.
Mas
essa confusão tem origem indefinida. Falta de concentração, de capacidade de
focar em algo a longo prazo, tem sido obstáculos ao meu desenvolvimento. Às
vezes, sinto-me como um homem de meia-visão: sei o que deve ser feito, mas não
sei como deve ser feito. É a mesma coisa de se ter um carro para ir ao lugar
que se quer ir, e saber onde este lugar fica, mas não o caminho para chegar até
lá. É algo lastimável.
Apesar
da pressão das pessoas, assim como a necessidade de melhorar de vida ou na
vida, não consigo achar a motivação para lutar da forma certa. Não sei de onde
vem a minha incapacidade de me concentrar em objetivos, nem de onde vem a minha
mania de procrastinar frequentemente, mas sei que isso precisa acabar. Como,
porém, conforme previ, não sei. Só sei que preciso achar a motivação, mas nada
me motiva. Às vezes, associo o meu dom (ou maldição) de uso do cérebro para
pensar em vez do coração para sentir a isso. Motivação, coisas “que mexem”
conosco, afetam tudo que vem das emoções, e eu não sou uma pessoa de emoções
fortes, nem de me modificar porque algo aconteceu na minha vida.
Não
sei mais o que fazer. Talvez a pressa em alcançar o sucesso, em contribuir de
alguma forma com a sociedade e meu crescimento pessoal esteja a me afligir, a
me sufocar. Quero que tudo aconteça agora, e não daqui a dez ou vinte anos. Eu
costumo ser paciente, mas gosto de resolver tudo na minha vida da forma mais
rápida e fácil possível, e essa minha capacidade de ver oportunidades, mas de
não saber como tirar proveito delas, se não causa danos emergentes, causa
sérios lucros cessantes.
Desculpem-me.
A falta do que fazer junto com a insônia das 3h20 da manhã me fizeram escrever
esse monte de besteira. Estou confuso e angustiado. Só isso.
Natal, Rio Grande do Norte, terça-feira, dia 11 de dezembro de 2012.